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Resiliência ou Teimosia?

Quando realmente somos resilientes e quando estamos sendo teimosos? E qual a diferença da resiliência e da teimosia?

A palavra resiliência vem do latim resilire que significa voltar atrás. Quando falamos em resiliência em um sentido mais figurado, seria a capacidade das pessoas de se adaptarem, seja a situações de mudança, de stress, de má sorte, ou seja, de dificuldades. Quando se diz, portanto, que uma pessoa é resiliente, está se dizendo que ela é capaz de lidar com problemas, adaptar-se a situações, mudar rapidamente, superar obstáculos, resistir a situações, superar de certa forma o stress de uma maneira mais rápida. Isso porque, não está em debate se você irá cair, todos vão cair em determinados momentos da vida, o que difere a pessoa resiliente, é a velocidade com a qual se levanta.

Porém até que ponto é inteligente e positivo persistir? O quanto você está insistindo porque é resiliente ou por teimosia? É importante refletir: nesse momento, se eu estou reagindo a essa situação, me mantendo, adaptando, lidando com essas situações negativas, ou até nocivas, de uma maneira positiva ou se estou batendo o pé, entrando em uma situação de teimosia, onde não quero renunciar àquilo que coloquei como verdade. Muitas vezes em casos de burnout, existe demora no diagnóstico, justamente pela dificuldade da pessoa em perceber a situação.

São, portanto, as características, as qualidades de uma pessoa realmente resiliente:

  1. Consegue se adaptar rapidamente
  2. Possui a capacidade olhar para as situações de forma positiva, acreditando nos resultados mesmo quando outras pessoas não possuem a mesma percepção
  3. Mesmo em momento de crise e dificuldade, consegue criar emoções positivas, e utiliza destas para continuar caminhando
  4. Continuamente aprende com as suas experiências de vida
  5. Sabe se proteger, se defender e conhece seus próprios limites
  6. Tem claro sua própria autoestima e no que esta se baseia, não dando o poder de sua autoestima para o outro

Teimosia por sua vez é aquilo que você vê que não está dando certo, mas que bate o pé. Como identificar a diferença de uma e outra, para saber se você não está sendo teimoso? Perceber o quanto os objetivos traçados estão ligados com seus valores. Isso que você busca está de acordo com seus valores, com seu estilo de vida? Porque muitas vezes no desejo de provar para o outro que “eu supero”, que “dou conta”, que “sou resiliente”, a primeira coisa que faço é desqualificar o meu sentir, o meu limite. Quando se é resiliente, há um alinhamento com seus valores, quando se é teimoso, no entanto, inicia-se um desalinhamento com os próprios valores. Ou seja, estou fazendo isso, mas não confio tanto, ou estou fazendo por uma questão de honra, ou porque disse conseguiria. Muitas vezes, por esta determinação em não desistir, ignora-se os sinais de que o que ou como está sendo feito, não surge com os resultados desejados.

Para transformar a teimosia em resiliência, o primeiro passo é entender quais são seus valores e respeitar sua importância. Perceba aquilo que é inegociável para você, ou seja, essencial que seja respeitado: seja numa relação amorosa, profissional ou de amizade. Por exemplo, se os seus valores principais no trabalho são: respeito, honestidade, ética, admiração e qualidade de vida, não é possível para você trabalhar em um ambiente desonesto e insistir em fazê-lo, não é resiliência, mas sim, teimosia. Se para conseguir um resultado, você precisa ir contra seus valores, será que você está sendo honesto com você? Isso realmente vai te trazer o resultado que você precisa? Mais do que nomear seus valores, reflita sobre o que eles significam e o que são, se respeito é primordial, o que é respeito para você? Porque não existe um conceito único ou uma resposta no dicionário, o que é respeito para você pode ser diferente do que é para outro, por isso, tente delimitar o que é cada um.

Outro ponto importante são as evidências. Evidência é aquilo que me traz certeza de que estou indo pelo caminho correto. Quando tentar atingir um objetivo que vai contra algum valor seu, ou perceber que não se obtém resultados apesar dos esforços, deve-se questionar se realmente está buscando algo adequado. Além disso, deve se ter em mente a motivação, todos os dias situações estressantes e obstáculos surgirão no seu caminho, apesar disso, uma pessoa resiliente acorda todos os dias motivada e pronta para enfrentar tudo, se ao invés disso, você já acorda desanimado, desejando que o dia estivesse acabado, será que realmente está caminhando em direção ao seu objetivo?

Algo a se notar na busca por ser resiliente, ao invés de teimoso, é se você não está preso ao passado. A pessoa que não consegue a relação amorosa que queria então decide nunca se casar com ninguém, ou a pessoa que não se considera nunca com sucesso porque lá atrás não fez aquela faculdade. Isso não é resiliência, mas sim, teimosia, ao insistir que porque uma coisa não deu certo, não se pode tentar algo novo. Ter um sonho e lutar por ele é resiliência, desde que, apesar das dificuldades, possa se perceber que está se caminhando, que há resultado, mesmo que em pequenas coisas.

 É essencial ter em mente que quando começo a não dar conta, não estou mais na resiliência, quando começa a ficar pesado ou quando começa a ser agressivo para mim, não estou mais na resiliência. A partir disso, existem duas possibilidades: parar, olhar e decidir abandonar este determinado sonho, porque não está mais positivo para mim; ou me programar para mudar. Este último pode ser, tentando entender o que está ruim para mim, buscar mudar algumas coisas ou até mesmo buscar um caminho novo. A diferença é sutil, mas lutar, lutar e lutar, finalmente conquistar, gera um questionamento: você está feliz com o que conquistou ou apenas foi até o fim por teimosia?

E como aumento minha resiliência? Aumentando sua capacidade de adaptação, conseguindo reagir mais rapidamente. Um primeiro passo, pode ser focar no autoconhecimento, seja na terapia ou com um coach, é possível analisar as situações que você está vivendo e reavaliar seus comportamentos, se aquilo tem sentido e criar novas reações. A grande sacada do autoconhecimento é entender que existem inúmeros caminhos, só depende de você e de como você olha aquilo. A falta de adaptação é só enxergar um caminho, e se não for desse jeito, não serve, como a brincadeira “ou dá ou desce”, será que realmente não é possível negociar, fazer algo que não seja “dar ou descer”, ou ainda, pensar ok, o que é dar para você, quantas vezes é necessário. Essas são adaptações, não é necessário que tudo seja preto ou branco. Dessa forma, o processo de autoconhecimento nos possibilita criar alternativas, e as alternativas, por sua vez, nos possibilitam aumentar nossa capacidade de adaptação.

Buscar sempre entender quais foram as melhores e piores partes de uma experiência, analisar quais foram os aprendizados, criar emoções positivas, mesmo em momentos de crise, são maneiras de aumentar a resiliência. Para criar resiliência é necessário deixar o automatismo e viver no aqui e agora, se divertir com as experiências e sempre tentar tirar proveito das situações. Aprender a lidar com o stress diário, com uma situação de cada vez, “matar um leão por dia” e ainda aprender a transformar o pelo do leão numa roupa, faz toda a diferença. Porém todo dia ter uma parte de si devorada pelo leão, chega uma hora que é impossível de aguentar.

Então o questionamento que deixo é: Hoje na sua vida você realmente tem desenvolvido a resiliência ou você tem entrado na teimosia, na inflexibilidade, ainda está tentando fazer o que funcionava lá atrás, continuar funcionando? Para saber a resposta foque nas evidências e nos resultados. E a partir de agora, o que não tiver de acordo com seus valores, não houver evidências ou resultados, será o início do seu processo de desapego. E caso você realmente esteja na teimosia, o processo de desapego não será fácil. Você não é obrigado a não desistir, não faça aquilo que está te agredindo, que não está bom para você.

Para se sentir bem e ter autoestima, é necessário focar naquilo que se é bom, que traz sustentação para continuar a vida, e não ficar preso naquilo que se tem dificuldade ou não se sabe fazer. E não deve se confundir autoestima com prepotência, é necessário saber naquilo que sou bom e o que banco, não há demérito nisso. Quanto maior minha autoestima, maior minha capacidade de adaptação e por conseguinte, minha resiliência.

Reavalie quais são os pontos em que é necessário melhorar o investimento e quais devem ser cortados. E lembre-se, o importante é como você se sente no seu interior e não a opinião dos outros acerca das suas decisões. Seja resiliente, não teimoso!

Abraços,
Regina Silva

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