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Vamos entender o que é Boreout

Tanto o Boreout quanto o Burnout são temas antigos, mas ultimamente eles têm ganhado outra conotação. Quanto fala-se em burnout, trata-se de alguém exausto, no limite de sua bateria, já o boreout é o contrário, é uma pessoa que se sente subaproveitada, que não tem o que fazer. Quando um número significativo de pessoas começa a apresentar um conjunto de sintomas similar, passa-se a enxergar aquela condição como normal, apesar de não dever ser.  

O foco aqui é entender estes a partir de uma ótica focada na vida profissional, apesar de não ser o único cenário no qual uma pessoa pode se enxergar vivenciando-os. Enquanto um é o excesso de trabalho, o outro é literalmente quando se sente sem ter o que fazer, no qual começa a se sentir ansiosa, entediada, frustrada e isso se torna tão crônico que afeta a saúde mental. Pode ser gerado por uma escolha profissional ou de carreira, ou quando se trabalha com alguém muito centralizador que não permite que novas responsabilidades sejam adquiridas. No primeiro caso podemos pensar em profissionais da saúde que intercalam seu tempo entre plantões intensos de trabalho contínuo e dias da semana sem trabalhar, podendo se tornar difícil organizar ou ser produtivo nos dias de folga, especialmente no cenário em que vivemos hoje. O segundo, principalmente numa época em que o trabalho remoto tem sido tão comum, pode levar uma pessoa a questionar sua competência, afinal se trabalho em casa e não tenho o que fazer, não fico na dúvida sobre minha carreira? 

Esta condição quando se torna crônica, mexe em nossa autoestima. É importante entender que é uma consequência do cenário mundial de uma pandemia, então não é indicado se comparar com os outros e nem mesmo com outras épocas, também é necessário evitar o julgamento de achar que alguém não da o primeiro passo porque não quer, muitas vezes a pessoa não consegue. Sempre tenha em mente que ninguém é melhor do que ninguém, por isso não se compare. Ao invés disso, buscar se aprofundar e entender a si mesmo é muito mais eficiente. Quando se acolhe o melhor e o pior que há em si, é que uma pessoa pode performar melhor e realizar mudanças daquilo que não gosta.  

Para poder superar o boreout, é necessário entender o que o leva a acontecer no meu caso específico. É algo novo, decorrente da pandemia ou uma sensação de mais tempo? Será que não é uma escolha da minha carreira, como os profissionais da saúde? Quem trabalha em áreas onde há variação na demanda de trabalho precisa aprender a organizar seu tempo, de forma que este possa ser utilizado de uma forma produtiva e positiva. Caso não seja uma escolha minha, mas consequência de uma equipe, de um chefe que não demanda de mim por desejar fazer sozinho, então é preciso que se pare e avalie: sou capaz de bancar essa situação? Consigo conversar com meu chefe, com o RH, com outros setores para adquirir mais funções ou preencher meu tempo realizando um curso? Se isso não é feito, muitas vezes se inicia um processo de comparação ou de autodesqualificação. No entanto, não é só você que está passando por isso, se tornou-se uma Síndrome, é porque diversas pessoas estão vivenciando e é necessário buscar ajuda. 

“Devo buscar ajuda por ter tempo livre?” Não. Deve se buscar ajuda quando isso se torna tão crônico que não se consegue dar um passo a frente. Quando pensar em ir ao trabalho causa angústia profunda, taquicardia, podendo chegar à crise do pânico ou ansiedade. Pois só de pensar em chegar no trabalho e ver-se desocupado enquanto todos parecem ocupados, causa extrema angústia. O mesmo ocorre com quem vive o contrário, de sentir que todos estão vivendo, passeando, descansado e ela só trabalha. Em ambos os casos, trabalhar, torna-se um sacrifício. 

Por isso devemos ter empatia com que vive uma situação dessas, independente de qual seja., muitas vezes a pessoa já está tão imersa em um ciclo que não consegue sair. É importante analisar caso a caso e verificar como agir, podendo considerar até mesmo uma mudança de trabalho. Todos já passamos por situações nas quais estivemos sobrecarregados ou nos sentindo desocupados, a diferença de viver a síndrome do Burnout ou Boreout, é que essa situação passa a causar sofrimento emocional e mental em relação a essa situação. É importante medir se consigo lidar com isso ou não, o quanto isso me afeta. Por isso o primeiro grande passo é identificar se a situação que você está vivendo naquele momento está te causando sofrimento emocional ou mental. E entenda: tédio, não é preguiça ou má vontade.  

O cenário ideal para melhoria destas síndromes, envolve mais do que a autoanálise de um funcionário, é essencial que as estruturas das empresas, e aqueles encarregados por estas olhem para seus colaboradores e tentem entender como eles estão, o que pode ser feito de diferente. E aos verdadeiros líderes analisarem se estão tendo confiança o suficiente em suas equipes, para aceitar que não existe apenas um jeito certo de realizar as tarefas.  

O Boreout pode levar a pessoa a uma situação de ansiedade que atrapalha verdadeiramente seu futuro, mesmo que as vezes seja causado por uma situação circunstancial. Por isso é tão importante entender e organizar seu próprio tempo, e saber quais as demandas do trabalho que vou desempenhar e se estou satisfeito com elas. O autoconhecimento é a chave, é primordial entender como funciono e lidar com a realidade, avaliar no que sou bom e no que não sou. 

Por fim, algumas questões para você fazer a si mesmo: Existe alguma área da minha vida na qual eu sinto que estou vivendo Burnout ou Boreout? Quais áreas da minha vida que estão equilibradas e quais aquelas que eu preciso prestar mais atenção? Como eu posso equilibrar a minha vida para que eu tenha saúde emocional e mental? Como eu posso utilizar minha inteligência emocional para ter uma maior qualidade de vida? Quais os passos que eu preciso dar para sair de uma síndrome ou outra? E se eu estou vivenciando nenhuma dessas síndromes, como posso equilibrar meu dia a dia para ter mais motivação nos meus dias? 

Lembre-se, o processo de autoconhecimento pode ser iniciado sozinho, mas você sempre pode, e deve, recorrer a ajuda se necessário!  

Abraços,
Regina Silva

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