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Como sair do autoabandono?

Quando falamos em autoabandono é muito fácil percebê-lo nos outros, entretanto, é muito difícil enxergá-lo em nós. Não se trata apenas de fazer terapia, cursos e atividades, mas será que você nunca passou tanto tempo preocupado com os outros que deixou de olhar para si mesmo? Coisas pequenas como horas de sono, qualidade da alimentação, autocuidados básicos que às vezes são negligenciados em função do cuidar do outro.

Mulheres, culturalmente, já são mais fortemente incentivadas em serem cuidadoras, dos parceiros, amigos, filhos. De mesma forma, a pessoa que impõe um limite e fala que não pode ou não quer fazer algo para outros, é vista como egoísta. Quantas vezes ao analisar um mês ou semana, você sentiu que tudo que era direcionado para outras pessoas foi feito, enquanto aquilo que era para você, nem sequer iniciou? A vontade de doar e doar-se, às vezes é tão grande, que ao iniciar um novo relacionamento afetivo, há quem esqueça que só se pode dar aquilo que tem.

  1. Por que dou tanto para o outro e esqueço de mim?
  2. Respeito é quando eu me dou conta de que o outro existe – será que cuido do outro porque quero, ou por que faço por ele aquilo que não posso fazer por mim?
  3. O equilíbrio entre dar e receber

Quando me dedico somente a outros, existem consequências. Como por exemplo, uma mulher que se dedica única e exclusivamente em ser uma ótima mãe, quando seus filhos saem de casa, esta se sente sem função e, provavelmente, terá uma síndrome do ninho vazio, que pode acarretar uma depressão. Isso ocorre, pois ela focou tanto em ser uma boa mãe, que já não sabe nem menos do que gosta, apenas como agradar seus filhos. É importante entender nesses casos, que ao se dedicar excessivamente a alguém, não significa que haverá um retorno proporcional daquilo que é dado, não adianta fazer tudo pensando que no futuro aquele filho irá retribuir. Além disso, é o exemplo que está sendo dado, para uma filha de que ela tem que se sacrificar pelos seus relacionamentos e para um filho, de que as mulheres na sua vida têm que se sacrificar por ele, podendo criar uma rejeição ao modelo dos pais.

É importante entender que eu também tenho meu lugar, tenho direito de existir e cuidar de mim. Quem não se autoabandona, também não sofre abandono pelos outros. São pequenas coisas que fazem com que nos autoabandonemos no dia-a-dia. Não se pode buscar alguém para nos completar, para ser a nossa tampa da panela, devemos ser nossa própria panela e tampa, completos e funcionais sozinhos.

As formas de autoabandono são diversas, emocional, física, financeiramente, e não, necessariamente, vão se apresentar da mesma forma para todo mundo. Há quem pague terapia para os parentes, dê conselho para os amigos, doe dinheiro, mas ignore completamente sua própria dor emocional até que a situação se escale de forma que seja inevitável lidar com ela, esse autoabandono pode ocorrer porque a dor é tão grande que é difícil de confrontar ou às vezes, simplesmente a pessoa não percebe que está se autoabandonando. Fisicamente, podemos pensar em casos como o de alguém que era atleta na juventude, de repente engorda, colesterol sobe, diabetes, hipertensão, falta de sono, pode ocorrer devido ao foco excessivo no trabalho, picos de stress e falta de autocuidado. A falta de espiritualidade, independente de qual seja, causa uma grande desesperança e desespero, a conexão com algo superior traz sentido para vida. Financeiramente, muitas pessoas buscam comprar coisas para preencher um vazio emocional ou procuram sempre ajudar os outros e não conseguem guardar nenhum dinheiro para si.

A pior mentira que acreditamos é de que ao nos autoabandonarmos o outro irá nos amar mais, pelo contrário, irá nos amar menos. Se nem mesmo você se coloca em primeiro lugar e se cuida, como pode esperar que o outro o faça? Só podemos dar para os outros, financeira e emocionalmente, aquilo que não vai nos fazer falta. Uma pessoa inteira, estável e bem, é mais capaz de amar e compartilhar coisas boas do que aquela que está emocionalmente dependente do outro, pois se autoabandonou.

Você já praticou ou pratica autoabandono? Em que área da sua vida que você precisa se priorizar? Como vou lidar com isso, sozinha ou com terapia? Treine se recuperar e se salvar!

Abraços,
Regina Silva

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