Como a Constelação Sistêmica pode ser?

Em primeiro lugar, o que é o Mindfulness?

Mindfulness é uma prática de estar ciente do seu próprio corpo; para você ter consciência do aqui e agora. É aquilo que faz com que nós possamos trabalhar nossa mente, nossos sentimentos e pensamentos, para estarmos em harmonia, em paz e num estado de tranquilidade. Não importa o quão longe a nossa mente esteja ou o que esteja ocorrendo ao nosso redor. É uma prática para que você possa, simplesmente, viver o aqui e agora!

É muito importante quando nós falamos em “estar no aqui e agora”, que nós possamos viver integralmente o aqui e agora e reagir a vida, de acordo com o que realmente está ocorrendo aqui. Há alguns anos eu fiz um curso de Mindfulness e achei muito interessante, pois a questão era trazer você para o aqui e agora. Muitas pessoas, infelizmente, ou vivem no passado ou vivem no futuro e não vivem aqui.

E o Mindfulness tem exatamente esse propósito: fazer com que você viva no aqui e agora. Essa técnica nos ajuda, através de exercícios, começar a tomar consciência do nosso corpo, dos nossos pensamentos, da nossa mente, como nós funcionamos, por que nós entramos no medo dos outros, o que é meu e o que é do outro?

O Mindfulness traz uma série de exercícios com meditações direcionadas e conscientes, para que eu possa ficar o mais consciente possível do meu momento atual: onde eu estou e como eu estou? Uma das propostas do Mindfulness, é fazer você ficar com você, você ficar no seu presente, você reagir às situações de acordo com o que é realidade, você controlar a sua mente, fazer você entrar e sair das situações se mantendo inteiro.

Um dos processos utilizados para fazer você sair do automatismo e agir conscientemente, se dá através daquelas perguntas básicas: Eu estou com fome ou estou com sede? Eu estou irritada por alguma situação ou estou cansada? Tomar consciência de você, tomar consciência do que você está sentindo. Algumas pessoas podem perguntar se esse não é o processo da terapia e eu te respondo que também. O processo da terapia é você entender o que está sentindo, através – muitas vezes, da racionalização, do entender como seu pensamento funciona, entender como você reage às pessoas e a você. Aqui, nós estamos falando de exercício de tomada de consciência. Podemos dizer que o Mindfulness pode ser uma das ferramentas do seu processo de autoconhecimento.

Faça esse exercício!

Busque um lugar que você possa se sentar com conforto, ficar numa posição relaxada, observe suas pernas, observe como está o seu corpo, pare por um momento, respire profundamente e sinta os seus pés. Observe se eles estão relaxados, tensos, inchados… Como estão os seus pés? Observe como estão seus tornozelos, perceba se existe algum incômodo; observe suas pernas, verifique se elas estão relaxadas, tensas, perceba se existe alguma dor te incomodando. Observe os seus quadris, observe se você está cansada, incomodada; observe a sua coluna, sinta a sua coluna, sinta os seus ombros, veja como é que você está; sinta os seus braços, as suas mãos; deixe elas em cima das pernas; sinta seu pescoço e veja como você está; sinta o seu couro cabeludo, sua boca, seu nariz, os seus olhos. Olha que interessante, só de fazer isso, você já começou a tomar uma outra consciência!

Se possível, abaixe um pouco o queixo, sinta o corpo relaxando e respire profundamente duas vezes, sentindo o ar entrando e se espalhando pelo seu corpo; respire e veja como você se sente. Foque sua atenção se você estiver com algum incômodo, alguma tensão, dor, angústia dentro de você e acolha essa dor, essa angústia; simplesmente olhe para ela, sinta ela e deixe ela fazer parte de você e diga: “Está tudo bem!”. Veja como você se sente quando faz isso. Talvez, a dor de cabeça seja só tensão. Esse é o processo. E não se preocupe com seu pensamento, ele vai tentar fugir… Veja como nós ficamos o tempo todo em agitação. Mas, por um minuto, simplesmente fique inspirando, sentindo a tensão do seu corpo, espirando e relaxando. A intenção com esse exercício não é, de forma alguma, fazer uma sessão de Mindfulness; é só para dar à vocês uma percepção, uma consciência do que significa estar no aqui e agora. Tudo isso que nós estamos falando é sobre tomar consciência de estar aqui e agora.

Quando eu começo a colocar atenção no meu corpo, na minha respiração e na minha sensação física, às vezes eu me dou conta de dores, me dou conta de desconfortos, de roupa que está apertada, roupa que está muito larga… E o corpo vai relaxando, conforme eu vou tomando consciência, e isso faz com que a mente fique mais tranquila. Então, nós podemos usar o Mindfulness para “n” coisas, para termos diversos benefícios: diminuir a ansiedade, diminuir a dor (não é que ele substitua o medicamento, mas ele ajuda a tomar consciência do patamar da sua dor: de 0 a 10, qual é o meu patamar? Esse patamar me exige remédio ou não?) e não entrar no automatismo de fazer tudo corrido.

Às vezes, nós estamos tão focados no celular que não estamos verdadeiramente presentes: o corpo está presente, mas a alma não está. E quando a alma está ausente, não conseguimos conexão. Mas quando nos focamos, o que acontece? Nós começamos a ter benefícios: a ansiedade diminui, conseguimos ser mais assertivos e começamos a ter mais tempo para pensar.

Um estudo concluiu que o Mindfulness pode diminuir a reatividade emocional, ou seja, eu paro de reagir automaticamente quando você me fala algo. Também pode ajudar a me libertar de imagens emocionais perturbadoras, pois quando olhamos para aquela imagem e a liberamos, paramos de lutar contra ela. E ainda pode aumentar nossa capacidade cognitiva.

O Mindfulness é um exercício e, como tudo que é exercício, nós precisamos praticar, praticar e praticar. Para quem está começando, minha dica é: separe 5 ou 10 minutos por dia, para sentar, focar em você e se perguntar: “O que eu estou sentindo? O que eu preciso agora, que realmente vai me ajudar a tomar uma decisão mais tranquila? O que eu preciso agora para poder pensar sobre isso?”. Existe uma coisa muito séria: eu não preciso dar as respostas na hora que as pessoas me perguntam! Eu posso pensar! E parece que, quando nós entramos no automatismo, nós não pensamos, respondemos por impulso e depois nos lamentamos. Isso é chamado de Impulsores: eu reajo, tenho uma alta reatividade. Quando nós falamos em Análise Transacional, sobre os Impulsores, se eu tenho impulsor “Seja Apressado”, eu não tenho permissão parental para relaxar, para usufruir. E eu estou te convidando a quebrar esse impulsor, a ficar mais consciente, a tomar decisões com mais clareza, a ser mais prático. Porque quando eu tenho tempo de pensar, eu tenho tempo para elaborar, para realmente dizer o que eu quero e o que eu não quero, tenho tempo para avaliar as possibilidades. Existe uma confusão, quando acham que as pessoas “rápidas” são as mais “inteligentes”. E na verdade, a pessoa inteligente, às vezes, é lenta, porque ela precisa avaliar as possibilidades. A pessoa que está no automatismo não tem permissão para usufruir e, muitas vezes, ela também não tem tempo para ter qualidade de vida.

Como o Mindfulness se casa com a Constelação Sistêmica?

O maior propósito da Constelação: reorganizar nosso Sistema Familiar. Por quê? Qual é a coisa mais importante na nossa vida?  É termos paz de espírito para ocuparmos nosso lugar! Se eu não posso estar no meu lugar, como eu tenho paz de espírito ou condições para estar em paz para usufruir?

Relembrando bem rapidamente o que é a Constelação!

A Constelação é uma técnica que nós utilizamos uma, duas, quatro vezes na vida e que nos possibilita reorganizar nosso inconsciente. É a diferença entre eu estar numa casa muito bagunçada e eu estar numa casa muito organizada, ou relativamente organizada. Na casa desorganizada, tudo que eu preciso, eu levo muito tempo para encontrar, eu me irrito, eu fico procurando, eu perco as coisas, eu me perco dentro da casa. Numa casa organizada, por exemplo, eu abro a gaveta de talheres e os talheres estão lá; eu abro o armário de copos e os copos estão lá. Então, de certa forma eu economizo tempo, eu consigo ficar mais inteira, eu consigo ter mais tempo para viver, para estar presente, para simplesmente ser, aproveitar e usufruir do ter. Agora, se a minha casa está muito bagunçada, se está muito desorganizada, como eu tenho condições de parar, respirar e relaxar? Fica difícil, não fica? Eu abro a gaveta onde deveria ter talheres e tem tudo, menos os talheres que eu estava procurando. Aí eu tenho que sair procurando os talheres. Eu vou pegar um copo e tenho que descobrir onde ele está. Olha o tempo que se leva para conseguir arrumar as minhas coisas?

Aí você vai dizer: “Ah, mas você está falando de uma pessoa desorganizada!”. Não, eu estou falando da nossa mente inconsciente. Quando meu inconsciente está muito bagunçado, eu tomo uma decisão e eu me perco. Você nunca se propôs a fazer algo durante o dia e quando chegou no final do dia, você se deu conta que não conseguiu fazer? Que você se perdeu? Por que você se perdeu? Vamos usar um exemplo bem simplesinho! Você entra no Instagram, no Google ou no Youtube para procurar algo e de repente, você percebe que se passaram 3 horas e você viu tudo, menos o que você procurava. Na verdade, você se perdeu e é isso que ocorre quando nosso inconsciente não está organizado. Para que ele esteja organizado, em primeiro lugar, eu tenho que ter meu próprio espaço. Quando meu inconsciente está muito organizado, eu tenho uma capacidade maior, eu tenho uma probabilidade maior de poder sentar, respirar, me programar e fazer aquilo que me propus.

Qual seria um processo que fosse mais enriquecedor? Que eu usasse as ferramentas que eu tenho, para que a minha vida seja mais organizada, que eu tenha tempo para estar comigo, em ter tempo de avaliar o que estou sentindo, para ter tempo em, antes de reagir, eu poder entender por que estou reagindo daquela forma. Hoje eu estou reagindo mais agressivamente por que eu não dormi bem, por que eu não comi ainda? Quantas vezes, você já não se perdeu numa relação, se perdeu num objetivo? Então, qual é o propósito?

Na minha opinião, neste momento nós temos acesso a tantas ferramentas, a tantas técnicas incríveis que nós podemos usar, que não é necessário ficarmos no sofrimento ou reconstruindo a roda a cada momento. Enquanto você não estiver no seu lugar, enquanto você não tiver o seu espaço, enquanto você não tiver a sua organização, enquanto as coisas ao seu redor não estiverem organizadas, você vai continuar correndo contra o tempo!

Quando você organiza o seu sistema emocional, o seu sistema familiar, a sua vida afetiva, a sua vida profissional, definindo as prioridades, definindo o que é importante, fazendo seu planejamento – e para isso você pode usar todas as ferramentas da Constelação Sistêmica, você começa a ter tempo para ficar mais atento a sua comida, ao seu corpo, ao tempo que você dorme, a qualidade do seu sono. E isso entra em relação a essa outra técnica, que é o Mindfulness.

Você percebe que nós temos tantas coisas legais que podemos utilizar nessa época e que nossos antepassados não tinham? Eles não tinham como fazer diferente, para deixar o mundo mais organizado emocionalmente para nós. Mas nós temos como fazer isso, para deixar para as próximas gerações. Nós podemos dar o tempo para as próximas gerações poderem estar mais presentes. Olha só que interessante! Só que nós também podemos estar mais presentes agora, para transformar isso que ainda está por vir. E nós podemos, ao nos transformar agora, transformar tudo ao nosso entorno. Quando eu consigo organizar o meu sistema, automaticamente, o meu sistema impacta positivamente no sistema do outro. Ou seja, uma pessoa que está em paz, em harmonia consigo mesma, ela traz essa paz e essa harmonia para todas as pessoas que estão ao redor dela. E automaticamente, ela faz com que isso faça parte da vida do outro. É dessa forma que, quando nós temos a consciência, primeiro do que nós temos, do que nós podemos utilizar para resolver nossos problemas, de como nós podemos utilizar, automaticamente a nossa vida fica mais simples.

Não quero que você abra mão de nada, mas eu quero que você tenha tempo para a pessoa mais importante do Planeta: você mesmo! Se você cuidar de você com muito amor, com muito carinho, automaticamente você também vai receber isso, porque você vai estar propagando isso.

Ocupar o nosso lugar, é ocupar o lugar que nos cabe efetivamente. E quando nós falamos em ocupar o nosso lugar na Constelação é, dentro do nosso inconsciente e consciente, os dois saberem claramente qual é o nosso lugar. A Constelação é a técnica que eu conheço, que tem o efeito mais rápido, mais positivo e mais forte. Então, quando você reorganiza o seu inconsciente, você ocupa o lugar que lhe cabe. E ocupar o lugar que lhe cabe é você ter consciência que não é responsável, nem pelas escolhas dos seus pais, nem pelo que eles decidiram fazer ou não; não é responsável pelo modelo de casamento que eles decidiram viver; isso tira um peso, uma culpa, uma obrigação. Quando eu entendo que o que ocorreu com os meus pais, pertence a eles e que eu não tenho direito de julgá-los, eu só posso julgar a minha vida, isso faz com que eu possa carregar só o meu peso. E o meu peso, minhas escolhas, minhas decisões, já são o suficiente para mim! Isso me ajuda a caminhar mais rápido e a ter esse tempo interno, de paz interna, de saber que eu estou adequada a vinha vida, de saber que eu posso fazer escolhas diferentes dos meus pais; eu posso escolher modelo de casamento diferente, eu posso escolher viver o que eu quero e, sem ter a expectativa de que os meus pais, ou aqueles que vão vir depois, supram ou vivam o que eu não vivi. Aí, eu tenho também o tempo interno para poder fazer isso conscientemente.

O propósito, seja da Constelação, seja do Mindfulness, é fazer com que você viva uma vida mais plena, mais consciente. Por incrível que pareça, ao estar mais consciente, com muito mais possibilidade de escolhas positivas, que nós possamos efetivamente dar provas de amor aos nossos pais e aos nossos antepassados, vivendo uma vida plena. A vida pela qual eles, com certeza, consciente ou não, se sacrificaram para que nós tivéssemos! Por que se não fossem eles, nós não chegaríamos onde estamos hoje. Exatamente isso; isso é ocupar o meu lugar, isso é viver minha vida!

Abraços,
Regina Silva

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