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Quem nunca procrastinou que levante a mão!

Procrastinar. Verbo transitivo direto e indireto. Transferir para outro dia ou deixar para depois; adiar, delongar, postergar, protrair. Ou seja, deixar de fazer uma coisa e fazer outra. Existem diversas coisas que influenciam na procrastinação, as vezes a maneira como alguém foi criado ou seus hábitos diários podem causar maior tendência de procrastinar. Pela TLT – Terapia da Linha do Tempo, existem dois tipos de pessoas, as in time e as out time.

Pessoas in time são pessoas que gostam de viver o momento, com muita energia e com dificuldade de fazer planejamento a longo prazo. São pessoas cujo senso de tempo é medido pela percepção emocional mais do que pelas horas passadas, por isso, têm problemas na hora de programar seus compromissos de uma forma realista e administrar seu tempo, por isso, acabam não conseguindo realizar todas as suas tarefas. Possivelmente é a pessoa que está sempre atrasada.

Pessoas out time possuem uma noção de tempo muito grande. São extremamente organizados com suas tarefas e, geralmente, possuem agendas, listas, planners para administrarem suas atividades diárias. Por terem uma maior noção de tempo, suas listas têm menos tarefas importantes por dia, porque sabem o que são capazes de realizar naquele espaço de tempo. Para eles 5 minutos, são 5 minutos.

Frequentemente pessoas in e out time se apaixonam, se aproximam, pois se encantam pelo jeito diferente do outro de vivenciar a vida. Entretanto, no dia a dia, as diferenças de organização e de lidar com as situações podem se tornar incômodas e até mesmo gerar brigas.

Pela minha experiência clínica, percebo que as pessoas in time têm uma tendência maior para procrastinação, por se envolverem em muitos projetos/ situações ao mesmo tempo. Já as pessoas out time, por serem mais racionais, têm uma tendência maior para finalizarem seus projetos, pois possuem mais foco e consciência temporal.

Isso não é uma regra fixa, mas percebo este padrão comparando pessoas in time e out time.

Independente de que tipo de pessoas somos, todos nós já procrastinamos em alguma área de nossa vida, seja na leitura de um livro importante ou uma conversa difícil que não queríamos ter. Segundo pesquisas, 20% dos adultos são procrastinadores crônicos, que realmente precisam buscar ajuda psicológica e até fazer uso de remédios. Outra pesquisa mostra que 70 a 80% dos alunos universitários procrastinam, situação que certamente se escalou com a pandemia.

O procrastinar é sobre deixar para depois algo que precisa ser feito agora, sobre priorizar tarefas menos importantes ou lazeres em detrimento de obrigações, mesmo sabendo das consequências negativas de não fazer ou fazer na última hora. É importante entender, dentro da psicologia, porque as pessoas entram no processo de procrastinação e porque é tão difícil sair desse processo. O primeiro motivo são as crenças procrastinadoras que carregamos:

  • “Eu só faço quando eu quero! Ninguém vai me obrigar!” – mesmo que isso acarrete a perda de um emprego, bolsa, relacionamento
  • “A vida é curta e precisa ser vivida aqui e agora.” – por que vou fazer um curso, um mestrado se preciso aproveitar o agora?
  • “Se não for incrível, vai ser horrível.” – não quero passar por essa situação
  • “Não sei se vou conseguir, não sei se vai dar certo.” – não toleramos a incerteza, precisamos de 100% de certeza, sendo que essa dificilmente será possível
  • “Não sou capaz de fazer isso. Eu não consigo” – essa crença pode ser real ou não, as vezes vem de falhas anteriores ou de uma situação familiar, para se poupar do desconforto ela procrastina

Crenças, nada mais são do que padrões repetitivos que nós criamos inconscientemente. A pessoa perde tempo criando situações para não fazer e depois perde tempo se culpando e se sentindo mal, por não ter, dentro daquela situação feito o que se comprometeu. A procrastinação causa, portanto, um sofrimento real.

Eu preciso então desmontar o jogo que estou fazendo comigo. Entender quais padrões sempre repito, qual é o sentimento de incômodo que busco evitar quando procrastino. Se tiver dificuldade com isso, existem terapeutas, psicólogos e coachs disponíveis para ajudar com esta avaliação.

Estou fazendo uma atividade e senti que estou disperso e comecei a procrastinar, o que fazer?

  1. Pare e respire.
  2. Busque o autoconhecimento, entenda seus padrões e quais as crenças procrastinadoras que você utiliza.
  3. Divida suas coisas em pequenas tarefas. Pequenas conquistas trazem satisfação e motivação para as próximas atividades.
  4. Defina suas tarefas de acordo com grau de prioridade, do mais ao menos importante.
  5. Tenha claro que existem estudos de que a procrastinação vem de um gene, então já estamos batalhando contra a genética. Isso não deve ser uma desculpa, mas ajuda a entendermos a situação.
  6. Evite se culpar. Avalie o que você conseguiu fazer, celebre o que foi possível realizar e reage o que ainda não foi feito.
  7. Se dê pequenas recompensas, mimos para celebrar um dia de várias atividades realizadas, ou uma tarefa muito difícil. Pode ser um doce, assistir uma série ou comer um almoço especial.

Quando você divide e você vê o que realmente vai fazer diferença para você, o que é inegociável, fica mais fácil priorizar suas tarefas até conseguir criar o hábito e vencer a procrastinação com mais facilidade. E caso essa tarefa seja muito chata, você pode, e deve, se dar um mimo, assim você inverte a linha de pensamento na qual vem navegando, ao invés de se achar um fracasso por tudo que não fez, você se valida e comemora aquilo que conseguiu, mudando seus padrões.

Você vem procrastinando muito atualmente? Não se esqueça de mudar o padrão de culpa para um positivo. Precisa arrumar a casa? Que tal ao invés de achar motivos para não fazer e se culpar, começar por um cômodo, somente um? Que tal comemorar a arrumação deste cômodo com um chocolate ou outro doce que você adore? Quem sabe amanhã você já se sinta motivado para fazer mais um cômodo ou até dois?!

E se não conseguir, busque ajuda, sabendo que nem sempre conseguimos resolver tudo sozinhos!

Abraços,
Regina Silva

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Para saber mais sobre este assunto, assista a reprise da “Live” realizada em 19/05/21.

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