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Como me libertar dos fantasmas do passado

Como psicóloga clínica, já acompanhei diversos clientes que chegaram ao consultório aprisionados por situações ou pessoas do passado e não conseguiam seguir a vida. 

Muitas vezes, perseguidos por sentimentos de culpa, de medo, de angústia ou da certeza de que não fizeram tudo o que podiam. 

É muito complexo hoje olharmos para uma situação do passado e definirmos que poderíamos ter feito diferente, seja mais ou menos, do que fizemos. 

Precisamos ter consciência de que sempre estamos fazendo o que naquele momento e hora conseguimos, ou seja, sempre estamos fazemos nosso melhor diante da situação/consciência ou possibilidades que temos naquele momento/situação. 

Depois que saímos da situação e conseguimos raciocinar, reavaliar as possibilidades, é muito fácil dizer que faríamos melhor. Mas, quantas vezes não ficamos presos na emoção, no choque gerado pelo momento e paralisamos? Com isso, não conseguimos literalmente pensar ou reagir com rapidez e racionalidade e perdemos as chances de fazermos algo que nos libertará. 

Outras vezes, ficamos presos pelo medo de não termos sido capazes de nos modificar pelo outro, medo de termos errado e do outro estar certo e nós sermos aquele que sempre erra. 

Algumas vezes nos prendemos ao passado, porque não tivemos a chance ou a coragem de finalizar uma situação, ou porque naquele momento não tínhamos interesse em finalizá-la, seja por mágoa, orgulho ou raiva. 

Ou seja, independente do que ocorreu, a realidade é que por conta daquele fato, você ficou preso naquela história e naquele momento e pode ser que este aprisionamento durou 1 segundo ou uma vida toda. 

Por que isso ocorre? Porque 90% da nossa mente é inconsciente e atemporal, ou seja, não tem noção do que é passado, presente ou futuro. Por isso, nossa mente consciente não nos ajuda tanto quanto gostaríamos.  

Outro ponto, é que quando ficamos presos no passado, tendemos a ficar repetindo a mesma história diversas vezes; muitas vezes de forma pior do que realmente foi, afinal, somos nós que nos julgamos, condenamos e aplicamos a pena. 

Neste cenário, temos tudo menos compaixão por nós mesmos. Afinal, somos culpados (as), com certeza! 

Para podermos nos libertar de qualquer processo de aprisionamento interno, precisamos em primeiro lugar aceitarmos que ficamos presos aquela situação, que foi criada por nós, pelos outros ou porque simplesmente aconteceu.  

Você sabia que este passo é o mais difícil e o mais importante em todo o processo? Pois sem ele, não conseguimos mudar nosso mindset, ou seja, nosso pensamento e forma de lidar com a situação. 

Sem este primeiro passo, nada pode ser feito. Pois enquanto você não se der conta de que está preso, como poderá se libertar? 

A partir dai terá que fazer uma escolha: se fará este caminho sozinho ou se buscará ajuda. 

Se decidir por buscar ajuda, poderá procurar uma psicoterapia que o(a) auxiliará a olhar para esta situação sem as dores do passado e te permitirá começar seu processo de auto perdão.  

Ou poderá buscar por uma técnica como a Constelação Sistêmica, que irá reestruturar seu sistema e permitir que esta situação seja ressignificada no seu consciente e inconsciente. 

Poderá também decidir por fazer este processo sozinho. Se a situação emocional envolvendo este aprisionamento ao passado for muito intensa ou já durar muitos anos, aconselho que você busque uma ajuda especializada. O processo poderá ser mais rápido e menos doloroso. 

Porém, se desejar e escolher fazer este processo sozinho, primeiro você precisa ter claro aonde está preso e porque. 

A partir deste momento, você poderá escolher como irá dissolver esta prisão emocional! Eu te darei alguns caminhos possíveis e você precisará avaliar qual destes métodos funcionará para você. Sim, nem todos os métodos funcionam para todas as pessoas. Algumas se sentem mais confortáveis ou reagem melhor a um método do que a outro. Por isso, não devemos forçar ninguém a usar ou utilizar um método que foi eficaz para nós. Pode ser que para aquela pessoa, o que funcionou super bem conosco, seja um desastre para ela. 

Vamos falar um pouco sobre os métodos que eu acredito que possam funcionar para você:

1) Técnica do Perdão – Nesta técnica, pensamos sobre a situação e aceitamos que diante das possibilidades que aquela pessoa possuía, ela fez o melhor que ela podia. Isso não significa que iremos estimular a pessoa a manter o comportamento, aceitar que ela repita o mesmo comportamento ou mesmo que iremos querer continuar a conviver com aquela pessoa ou a situação que ela gerou. Mas, sim, que iremos compreender e entender que aquela pessoa não sabia ou não tinha como fazer diferente. 

2) Técnica do Amor incondicional – Nesta técnica, você enviará amor incondicional para a pessoa até sentir que você se liberou do aprisionamento gerado por esta situação ou pela pessoa. Eu acredito que esta técnica, dependendo do que ocorreu no passado, talvez seja a mais difícil. Eu a considero incrível, mas difícil. 

3) Técnica da Gratidão – Quando eu uso esta técnica, sempre opto por utilizar uma gravação do Youtube do ho´oponopono. O ho´oponopono é uma técnica havaiana utilizada para curar nossa sombra, ou seja, os lados nossos que não aceitamos. Podemos usá-la tanto para a Gratidão, como para o Perdão. Esta técnica é composta de 4 frases que são repetidas por 108 vezes, sempre com o mesmo objetivo. São elas: 

Eu sinto muito por… 

Eu me perdoo ou Eu te perdoo 

Eu me agradeço ou Eu te agradeço 

Eu me amo ou Eu te amo 

YouTube player

Após você conseguir finalizar a situação a qual estava presa (o) é muito importante que use um tempo para se auto perdoar. Sim, este é um  passo muito importante por que possivelmente ao ficar prisioneira de si mesma, você se abandonou por um bom tempo e precisa acolher este autoabandono. 

Você vai perceber que muitas vezes é mais fácil perdoar ao outro do que nos perdoarmos. Gosto muito do mandamento: “Amai ao próximo como a ti mesmo”. O problema é que ficamos tão presos no “Amai ao próximo”, que esquecemos a segunda parte do mandamento. Então quando nos libertamos do passado, muitas vezes nos damos conta de que não temos nada, que usamos tudo o que tínhamos para manter aquela situação ou pessoa junto a nós. Esquecemos que para dar algo, antes tínhamos que ter o que dar e só conseguimos ter algo para dar quando começamos por nós primeiro. 

Você vai perceber que precisará respeitar o seu tempo e ritmo, não adianta tentar acelerar o seu processo. Passar por este processo exige dedicação e muito amor por si própria (o). 

Quando tiver terminado estas fases, talvez você precise de um tempo para processar e integrar tudo o que você liberou. 

Somente após se sentir pronta é que poderá fazer a última parte, que é tão importante quanto as outras. 

Após todo este processo talvez você se sinta perdida, sem rumo e sem saber por onde recomeçar. 

O primeiro passo, é você definir quais seriam os 10 principais sonhos que você gostaria de ter realizado daqui 5 anos (utilize aqui a roda da vida). 

Está pronta?

Então vamos lá: Defina os sonhos, depois os primeiros passos que precisará dar para criar este novo caminho e o destino que irá traçar a partir de agora. 

Lembre-se, é normal e natural se sentir com medo, ansiosa, angustiada ou sem vontade de fazer nada. Tudo bem, respeite seu limite e tempo. 

E boa sorte no seu retorno!!! 

Abraços,
Regina Silva

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1 Comentário

  1. Amei o texto,focado e direto ao ponto.
    Concordo com tudo, vai de encontro ao que acredito.
    Das técnicas sugeridas eu prático mesmo a da gratidão.Já incorporei isso.
    Faço o ho’oponopono diariamente,acho fantástico.
    Obrigada pelos textos

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