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Autossabotagem

Para entendermos sobre autossabotagem, é necessário primeiro compreender o que é sabotagem. Sabotagem é algo que consciente ou inconscientemente fazemos que paralisa o nosso processo. No nosso dia a dia realizamos muitas coisas que são autossabotagens, e vamos entendê-las agora.

Na maior parte das vezes, a autossabotagem ocorre de forma inconsciente, quando concordamos em fazer algo, que não se deseja efetivamente fazer. A autossabotagem, está, portanto, extremamente ligada com os nossos conflitos internos. Quando conscientemente eu quero uma coisa, que não quero inconscientemente, busco formas de tentar fazer, mas sem conseguir. Com o uso de termos como: muito difícil, complicado, complexo, impossível; já estou me limitando, tomando o que chamamos de decisões limitantes, mostrando para a mente que aquela situação é impossível e paralisando-a. Ao dizer para nós mesmos que aquilo que desejamos ou os problemas que enfrentamos, são simples, que podemos resolver, nos motivamos, ao invés de nos sabotar/ paralisar.

Outro hábito comum de quem se sabota, é o de falar o que não quer ao invés de focar no que quer, almeja e está buscando. Ao falar sobre a situação que não se quer, sem traçar nenhum objetivo, apenas se dá força para que as coisas continuem como estão, esta é a chamada decisão de afastamento. Não basta proferir “não quero ser pobre”, então o que você quer ser? É apenas sabendo para onde se vai, que é possível caminhar em direção aos nossos objetivos.

É importante refletir sobre como eu tenho me limitado e limitado a minha vida em cima do que eu penso e falo? O quanto eu direciono a minha mente para aquilo que eu não quero, ao invés do que quero? Eu realmente digo o que eu quero ou posso, tenho o hábito de simplificar ou dificultar as coisas?

Além desses costumes que desenvolvemos, a família e a criação possuem forte impacto nas autossabotagens que uma pessoa pratica. No geral, é como se os pais oferecessem maldições e uma amenização, de comportamentos que se leva para vida, existem cinco principais maldições. A primeira dessas maldições é “você não pode pedir ajuda” que é amenizado com “seja forte”. Essa pessoa cresce achando que ninguém pode ajudá-la e enquanto ela, muitas vezes ajuda todos ao seu redor. A grande problemática é que essa pessoa, não pede ajuda mesmo que desesperadamente precise, o que pode se escalar, nos piores cenários, para desenvolvimento de vícios ou suicídio. A segunda maldição é, “você não pode errar” que é amenizado com “seja perfeito”. A busca pela incessante e inexistente perfeição, faz com que muitas vezes a pessoa não consiga sequer entregar o resultado, pois ele nunca atinge seu patamar. É aquela pessoa que há anos escreve um livro, mas que jamais o publica, porque ele nunca fica perfeito. A terceira, “você não pode usufruir”, cuja amenização é “seja apressado”. É aquela pessoa que nunca usufrui um resultado, comemora uma conquista, para e toma um café. Ela sempre precisa marcar muitos compromissos, estar acelerado e sem tempo. A quarta é “você não pode vencer” que é amenizado com “seja esforçado”. Tudo tem que ser difícil, feito com muito esforço, com sacrifício, se não for assim, é como se não houvesse valor. Para essa pessoa, o esforço é sua sabotagem, pois as coisas não podem ser simples, então ela sempre as dificulta. A quinta e última maldição é “você não pode dizer não” que é amenizada com “agrade sempre”. Essa pessoa sempre tem que agradar a todos e nunca pode negar nada.

Essas maldições, são na verdade impulsores, que são comportamentos que ocorrem entre 1 e 2 segundos, e que não se consegue reverter. Todos somos criados com os 5, mas a maior parte das pessoas, vive de 2 a 3 impulsores, que partem de um processo inconsciente de escolha. O que se busca, na terapia, são maneiras de desautomatizar esses comportamentos e permitir que a pessoa pense antes de cair no mesmo padrão. Para a pessoa que não pode dizer não, por exemplo, pratica-se responder coisas do gênero: “vou pensar”, “já te respondo”, “verei em minha agenda”; para que ela consiga pensar sem automaticamente dizer sim, mas também, ainda sem falar o não. Para a pessoa que não pode errar, é preciso começar a mensurar o grau de perfeição necessário, o quanto cada coisa exige, para que ela possa entregar coisas bem-feitas, e não fique presa sem resultado. Quem precisa ser forte e não pode errar, pode montar um grupo de apoio com pessoas de confiança com a qual se sinta confortável para recorrer.

É preciso se observar, então reflita, como que você se autossabota?

  • Você é uma pessoa que tem dificuldade em pedir ajuda quando precisa e acha que tem que fazer tudo sozinha?
  • Você é uma pessoa que acha que sempre tem que fazer mais e o que você faz sempre é pouco?
  • Você é uma pessoa que acha que sempre da conta e para que parar e usufruir se você ainda tem tantas coisas para fazer?
  • Você é uma pessoa que está sempre insatisfeita por que na sua opinião nunca está perfeito?
  • Você é uma pessoa que sempre se sente culpada por que disse não para alguém?

Sabendo como você funciona, é que se torna possível amenizar esses comportamentos, mudar sua vida e parar com a autossabotagem. Trazemos 7 maneiras de nos sabotar da infância, as decisões limitantes e de afastamento, e os 5 impulsores. Reflita, quais delas você utiliza para sabotar a sua vida? O primeiro passo para lidar com a autossabotagem, é entender, antes de mais nada, que se trata de um problema. Não é que não podemos desejar realizar fazer um trabalho impecável, ou agradar as pessoas que amamos, mas se a necessidade de perfeição nos paralisa de forma que não conseguimos entregar nada ou a vontade de agradar é tanta, que nunca dizemos não e nos encontramos em situações difíceis e indesejadas, precisamos reavaliar nossas decisões. Então reflita como você se autossabota e lembre-se, você não é o único passando por isso, todos o fazem de alguma forma. Porém, tomando consciência disso, abre-se a possibilidade de uma vida mais leve e saudável.

Abraços,
Regina Silva

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